Publico hoje um texto (artigo) produzido pela professora, mestra em comunicação e coordenadora do Curso de Comunicação Social - Jornalismo da Unoesc SMO Leoní Serpa. O texto foi veiculado no Jornal Gazeta Catarinense, da colega Marcionize. Achei um grande trabalho e pedi para a professora se poderia colocá-lo aqui. Então, aqui está.
Boa leitura..
Um dia para o estilo jornalístico
Neste 7 de abril, comemora-se o Dia Nacional do Jornalista. A data evoca o trabalho do brasileiro Hipólito José da Costa Pereira Furtado de Mendonça, nascido na Colônia do Sacramento, território luso-brasileiro, hoje, Uruguai, em 1774, o qual deixou como legado fundamentos essenciais e uma influência positiva para o jornalismo e para a comunicação social brasileira. Nesta data, também se comemora o trabalho pioneiro de Hipólito da Costa frente ao Correio Braziliense, considerado o primeiro jornal brasileiro. Dia que marca ainda a fundação da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), no Rio de Janeiro, por Gustavo de Lacerda, com o nome de Associação de Imprensa. É, portanto, o Dia Nacional do Jornalista. Dos profissionais que aprenderam com o Período Paleolítico, e hoje com os meios cada vez mais sofisticados cumprem o seu papel de captar, registrar e divulgar as informações, na difusão da comunicação.
A história registra o nascimento do jornalismo no século XVII, mas podemos dizer que quando o homem, pela primeira vez, gravou uma figura desenhada na pedra, na parede da caverna (Período Paleolítico), representando uma cena do cotidiano daquele mundo em que se vivia apenas da caça e da coleta de alimentos, esboçou também, naquele instante, o que viria a ser a profissão de jornalista.
Com regras muito bem definidas, padrão de ética exigente e com um único compromisso, o de atender o cidadão, a coletividade e a cidadania, o jornalismo tem, como em todas as profissões, um estilo especial, com características muito bem claras: é direto, conciso, de fácil entendimento e acessível.
Como define o clássico da teoria do texto jornalístico, Luiz Amaral, “quando um jornalista escreve ou fala usa o mínimo de palavras e o máximo de explicação, correção, compreensão e exatidão”. Depois de todas essas definições, o leitor deve estar se perguntando: “Mas isso nem sempre acontece?”. Tem toda a razão. Nem todos conseguem, em todos os dias e em todas as horas, ser bons jornalistas; quando deixam de ser, falham. Há um esforço, no entanto, para buscar e encontrar a verdade, a objetividade e a imparcialidade. Há um esforço para atender a altos padrões de exigência técnica e de ética. Digo, esforço em buscar, porque nem sempre se tem e se está disposto a encontrar.
O mito da imparcialidade que se apregoou com a industrialização da notícia é, de fato, algo a ser buscado, encontrado e vivenciado. Ao contrário, corre-se o risco de ir de encontro aos interesses sociais, de não enaltecer o cidadão e as suas ânsias de melhores dias. Sendo assim, não há jornalismo, há, sim, privilégios ou depreciação, sensacionalismo, aquilo que telespectadores, ouvintes, leitores e apreciadores da informação, da notícia e dos acontecimentos reclamam constantemente. São reclamações sábias, de entendimentos que clamam por ética e verdade informativa. A responsabilidade por aquilo que informamos todos os dias é maior que a que temos por nós mesmos. Por isso, jornalismo é dedicação. Se a sociedade não está sendo sensata, mas cobra sensatez, o jornalismo tem de sê-lo. Se a política é falsa e defende interesses escusos, precisamos ir pela contramão do que está posto e investigar, se arriscar e trazer à tona a verdade.
Vivemos não apenas a chamada era do conhecimento (diria da quantidade de informações disponíveis), mas a do exibicionismo explicito, quando programas como “Big Brother” conseguem altas audiências. Em momento algum, na história, o ser humano almejou tanto se ver e querer ser visto. São os tempos do Orkut e das autopublicidades que muitas vezes entram em choque com o verdadeiro jornalismo informativo, que prioriza o fato e não o personagem que o originou.
O mundo evoluiu tecnologicamente de forma assombrosa. O jornalismo dos tempos do alemão Johannes Gutenberg, o mestre gráfico, que criou a impressão com caracteres móveis, não sucumbiu.
O jornal impresso chega aos 400 anos e amplia o jornalismo, dando espaços para novas formas de divulgação e difusão da notícia. Neste ano, comemoramos os 200 anos da Imprensa no Brasil – país onde o rádio se consolidou nos anos de 1930 a 1940 e a televisão a partir dos anos de 1950, pelo arrojado empresário das comunicações Assis Chateaubriand. Hoje, a Internet, com as centenas de blogs noticiosos, trazem mais opções informativas e a comunicação se dilata exigindo um jornalismo mais versátil. São mudanças que não ampliam apenas o mercado de trabalho, mas também exigem mais especialização e aprimoramento técnico e ético.
A data de hoje é oportuna para enaltecer aqueles que arduamente trabalham apurando, reunindo, selecionando e difundindo idéias, fatos e informações com clareza, rapidez e exatidão. É também o dia de todos aqueles que buscam informações atualizadas e de interesse público; que se informam pelos jornais, pelas rádios, pelas revistas, pela televisão e pela Internet.
Sem leitores, ouvintes, telespectadores e internautas não há jornalismo. Também não há sem os aguerridos e heróis profissionais que fazem a comunicação acontecer.
Leoní Serpa – jornalista e mestre em História. Coordenadora do Curso de Jornalismo da Unoesc - São Miguel do Oeste – SC. E-mail: coordjor@unoescsmo.edu.br.
Boa quinta-feira
Lucas Maraschim Matias
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