quinta-feira, 13 de março de 2008

Filhos do silêncio

Filhos do Silêncio

Por Marcelo Benvenutti13/03/2008-09:16:47

Certo que o velho Magrão não errasse um passe e entregasse uma bola na frente da área para um adversário enfrentar o Renan vendido na jogada. Certo também que podemos até perguntar onde estava o Índio, um dos zagueiros mais completos do país segundo o Abel. Também seria de se perguntar por que Wellington Monteiro sempre é titular. Mais certo ainda fazer o questionamento mais simplório de todos: Quando Edinho vai jogar um bom futebol?
Antes que digam que estou sendo maldoso na derrota, respondo que nas vitórias quando assisto o Inter jogando bem mais que hoje, me pergunto sempre: Por quê? Porque Índio? Porque Fernandão dormindo dentro de campo? Fernandão anda com o olhar distante, desfocado. Não vibra. Não vai. Fica. Contrasta com a força de Iarley. Nem vou falar de Guiñazu. E de Magrão, que apesar do erro grotesco no jogo de ontem, não merece ser crucificado. Por mim, não.
Sim, ainda teremos que aguardar o retorno de Sorondo, que entra com uma perna nessa defesa colorada. Teremos que aguardar passar a paixão doentia de Abel por Índio e Wellington Monteiro. E, finalmente, torceremos para que um cometa passe e leve Edinho para a Terra dos Sonhos no mundo do Euro. Não vai ser uma derrota que nasceu de um lance fortuito, de um árbitro a fim de aparecer mais que o jogo e de um time que jogou sem o mesmo brilho de outras partidas contra um esforçado time medíocre do interior gaúcho. Chega a ser comovedor ver a festa dos torcedores locais pelo instante momentâneo de glória. Vibravam como se fosse uma final de Copa do Mundo. Talvez seja a Copa do Mundo que Fernandão sonhava lá em Goiás quando era criança. Talvez. Só que ele já viveu sua final de Copa. E hoje vive na eterna penumbra de sua própria sombra gigantesca do passado. E nada mais escurecedor que a própria sombra para o ícone de uma torcida.
Alex sonha também. Sonha com a amarelinha. O sonho é válido, mas eu me contentava bem mais se ele sonhasse com vencer a Copa do Brasil. Renan, sem nenhuma chance nos gols, sonhava com a número um da canarinho. Mas também prefiro que sonhe com títulos para o Internacional. Abel sonha com o retorno à Libertadores. Um sonho bem mais plausível. Pífferos à parte, não entrou no oba-oba da imprensa fabricante de intrigas dos pampas. Carrossel tem na arena (arena?? alguém viu uma por aí??) do circo e palhaços são os babacas que perdem tempo querendo rotular o futebol colorado disso e daquilo. Ou daqui alguns dias fariam uma reportagem comparando o Alex ao Cruyff e o Abel ao Rinus Michels.
Sim, pode parecer uma certa implicância, afinal não é toda noite que levamos três na cola, mas também não é de se fazer terra arrasada. Nem de achar que o mundo acabou. Provamos que somos um time de operários e que se alguém quiser vestir roupa de artista que vá para outras plagas. Parabenizamos os vencedores por sua façanha e, sinceramente, desejamos que ao chegarem na semifinal tenham o pudor de fazer como sempre fazem: Entregar a beterraba para os Galácticos da Azenha e deixar que sequemos a Débora alheia na final. Certamente Fernandão terá seus momentos de ciúmes. E, como bom moço diplomático, fará ótimos discursos. Nós aguardaremos de bico calado. Como diz um antigo ditado, e seria bom que muitos aprendessem com derrotas como a de ontem: A VINGANÇA É FILHA DO SILÊNCIO.

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