Neste sábado posto um ensaio.
Ele foi feito para a disciplina de Mídia e Cultura esta semana, comandada pelo amigo e mestre Professor Rafael Hoff.
As transformações e a velocidade das informações nunca tomaram uma dinâmica tão grande como agora. Cada segundo ou minuto perdido para uma pessoa potencialmente produtiva em qualquer parte do mundo, é lamentada pelo timing que vivemos.
Os veículos de comunicação em qualquer segmento nunca tomaram tantas proporções na vida das pessoas como agora e já se tornaram companheiros diários. As crianças de certa forma, ao passarem mais tempo na frente da TV (exemplo clássico) tornam-se potencialmente alvos fáceis das facetas criadas por quem produz a televisão. Estas facetas aliam produção midiática com marketing e conteúdos comerciais.
Vamos abordar a televisão, haja vista, que ela juntamente com a internet acabam sendo os veículos mais apreciados pelas crianças e adolescentes em todo mundo. Na TV e na internet é tudo muito fácil. Grande parte do que queremos vem mastigado, não necessitando de um exercício maior ou uma labuta para que consigamos um resultado de qualidade. Talvez partindo deste pressuposto a televisão e a internet tornam-se vilões (ou inimigos) da escola, dos livros, da história, da literatura e das artes.
“Os meios de comunicação, principalmente a televisão, desenvolvem formas sofisticadas multidimensionais de comunicação sensorial, emocional e racional, superpondo linguagens e mensagens, que facilitam a interação, com o público. A TV fala primeiro do ”sentimento” – o que você sentiu”, não o que você conheceu; as idéias estão embutidas na roupagem sensorial, intuitiva e afetiva.”(MORAN, Outubro de 2007)”.
De acordo com Guilherme Jorge de Rezende (Telejornalismo no Brasil – Um perfil editorial, p. 36) ao cumprir a função fática, o discurso de TV se estabelece como um contato permanente entre o emissor e o receptor, por meio de um espetáculo contínuo levado diretamente ao telespectador que o recebe no aconchego do meio familiar.
“Mediante essa interpelação que instaura um clima de familiaridade, de conversa íntima, o telespectador passa a esperar que a TV ultrapasse os efeitos de mero espetáculo ou de pura informação e se invista da atmosfera de simpatia e camaradagem, característica ideal de grupos primários, como a família” (Sodré, 1977: 59-61).
Os produtos enlatados que chegam até nossas crianças e jovens por produções hollywoodianas não conseguem competir com o material que é produzido para tentar repassar uma educação ou uma mensagem cultural do nacional, estadual ou local.
“A indústria da comunicação pertence aos setores mais dinâmicos do capitalismo global, sob efetiva hegemonia dos Estados Unidos como pólo de produção e distribuição de conteúdos”. (Herman & McChesney, p.69, 70).
Já temos mais uma dificuldade que acaba se tornando até uma barreira, pois é mais fácil uma criança que fica 5 horas por dia na frente da TV assimilar o que assiste, com humor e entretenimento, do que a sonolência de uma aula de português ou matemática em uma escola pública no Brasil.
Partindo desta linguagem concreta, do visível e imediato, próximo, daquilo que faz sentido para a criança ou jovem que a assiste, a TV produz um efeito voraz nos sentimentos desse indivíduo, mexendo com suas emoções e seus sentidos. É por meio dessa linguagem também que a TV transforma a sociedade e é justamente nesta eficiência da TV que se encontra a razão de sua concorrência com a escola.
Eu concordo em grande parte com o que é apresentado no texto “Cultura midiática e educação infantil”. A mídia hoje acabou socializando grande parte da população, pela superexposição do conteúdo e facilidade de captação.
A TV ainda tenta criar estereótipos, como aparece na novelinha ‘teen’ ”Malhação” da Rede Globo de Televisão (Rio de Janeiro). Grande parte do conteúdo tem cunho comercial trazendo mensagens subliminares de como os jovens devem se comportar nas mais diversas situações da vida. É uma espécie de faça o que eu digo e o que eu faço.
Outro aspecto que deve ser observado diz respeito a desvalorização do ensino público e à discriminação social e racial que sofrem os personagens Pedro (Maxwell Nascimento) e Angelina (Sophie Charlotte). Ambos vieram de escolas públicas e são constantemente vítimas de preconceito dos alunos do Colégio Múltipla Escolha. Esta escola é dita tradicional, particular e com grande índice de aprovações nos vestibulares.
O simples fato do ambiente onde a novelinha é gravada (uma escola particular) automaticamente cria um desmerecimento nos educandários que são patrocinados pelo Governo Federal. Este modelo pode ter sido criado em outros países onde a educação ‘paga’ é constante. Fica a pergunta: este é mais um enlatado que a mídia nacional, com todos os seus recursos, tenta trazer para a realidade do povo brasileiro?
Acredito que este desmerecimento pelas escolas e universidades públicas é uma realidade na imprensa e nas produções novelísticas. Na verdade alunos só conseguem entrar em escolas ou faculdades particulares por meio de bolsas. Na grande maioria estes alunos que tem bolsa ainda trabalham o dia todo, o que justificaria o fato de não terem tempo de fazer cursinho para passar em uma universidade federal. Nestes casos de universidade federal consegue vaga geralmente são pessoas com renda financeira alta.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
MORAN, José Manuel. Desafios da televisão e do vídeo à escola. Disponível em:
http://www.eca.usp.br/prof/moran/desafio.htm Acessado em: Março de 2008.
SODRÉ, Munis. O Monopólio da Fala. Petrópolis (RJ), 1977. Ed. Vozes.
MOREIRA, Alberto da Silva. Artigo cultura midiática e educação infantil. Cita: Herman & McChesney, 1997, p. 69, 70.