Bom, hoje apresento aqui uma resenha crítica que fiz na disciplina de telejornalismo II, comandada pelo Mestre e amigo Rafael Hoff. Realmente um trabalho que valeu a pena. Esta resenha foi feita por mim no dia 27 de setembro deste ano. Recomendo a leitura. As palavras abaixo descrevem o que "absorvi" do livro.
LIVRO “Telejornalismo no Brasil: Um perfil editorial”
“Lugar de conteúdo não é no telejornalismo. Telejornalismo é superficial, impressionista, rapidíssimo e dá para as pessoas um blá-blá-blá”. A citação é de Luís Fernando Mercadante, editor de jornalismo da Rede Globo de Televisão.
Está é uma das citações que mais chamaram a minha atenção, talvez pela análise ao qual julgo bizarra, do livro de Guilherme Jorge de Rezende. O autor inicia o trabalho fazendo um relato histórico acerca da importância da televisão nos lares brasileiros.
Segundo o livro vários fatores contribuíram para que a TV se tornasse mais importante no Brasil do que em outros países: a má distribuição da renda, a concentração da propriedade das emissoras, o baixo nível educacional, o regime totalitário nas décadas de 1960 e 1970, a imposição de uma homogeneidade cultural e até mesmo a alta qualidade da tele dramaturgia brasileira.
O livro é dividido em duas partes: a primeira trata da “Fundamentação Teórica”, falando sobre linguagem, televisão e telejornalismo. A segunda parte aborda as “Evidências Empíricas” do telejornalismo brasileiro, com histórias, tecnologia e gêneros utilizados nos telejornais analisados.
Ao transcorrer pelo trabalho de Rezende, podemos citar que é um livro que aborda também três questões essenciais da teoria e prática no telejornalismo: os gêneros e formatos do telejornalismo da Rede Globo, Sistema Brasileiro de Televisão (SBT) e TV Cultura. Ainda são tratadas questões sobre a importância da palavra na mensagem telejornalística com profissionais importantes da área e pesquisadores.
O estudo feito pelo autor pretende identificar um perfil estilístico do telejornalismo brasileiro. Rezende analisou seis edições consecutivas (de 19 a 24 de agosto de 1996) de três modelos distintos de noticiário: Jornal Nacional (Globo), Telejornal Brasil (SBT) e Jornal da Cultura (TV Cultura).
Na parte da análise histórica são tratadas questões sobre a Censura que por muito tempo calou os veículos de comunicação do Brasil. Após o término deste período “negro” para a imprensa, o livro fala na auto-sensura dos profissionais. Os jornalistas, tão acostumados a calar, pareciam ter desaprendido a fazer notícias sem identificação partidária ou receio de problemas com o governo.
O leque de assuntos tratados é muito grande, mas cito aqui também a importância de uma linguagem fácil e acessível na TV. O ritmo de leitura, também influencia na questão da recepção da mensagem. Outro fator que considero crucial: casar imagem com fala, afinal quem trabalha na televisão é um contador do fato, uma testemunha ocular presente na situação.
Ao acompanhar o desenrolar do trabalho de Guilherme Jorge de Rezende leio uma citação de Mário Marona, então editor-chefe do Jornal Nacional. Marona afirma que “o telejornalismo ideal é aquele sem palavras. Só com imagens”.
Com todo respeito às fontes citadas pelo autor do trabalho acredito que alguns realmente foram infelizes nas afirmações. Cito também aqui Bóris Casoy: “sou adversário do telejornalismo como espetáculo. Para mim, o telejornalismo precisa dar prioridade o conteúdo. A Globo viciou o espectador com o show televisivo”.
Concordo somente em partes com Casóy. Uma boa produção jornalística, com efeitos, ótimas imagens, excelente timing e grande qualidade na edição não quer dizer ‘show’ em um telejornal. Acredito que ele classifique o Jornal Nacional como “show televisivo” porque o seu então programa, Jornal do SBT, não tinha condições técnicas de equiparar-se em tal produção de notícias.
Outro ponto interessante do livro fala que ao contrário do leitor do jornal impresso, que pode reler uma matéria quantas vezes quiser, o telespectador não pode fazer com que o telejornal retroceda para rever e decodificar uma notícia mal compreendida. Esta parte novamente faz referência à linguagem clara e limpa que deve ser utilizada na TV, com o foco voltado para o espectador/ouvinte.
Nas avaliações feitas sobre os três telejornais algumas conclusões foram tiradas por Guilherme Jorge de Rezende. Segundo o autor, no Jornal Nacional o pitoresco e a aura de espetáculo estiveram sempre presentes. O Jornal da Cultura foi um veículo exclusivamente informativo, com 99,2% de conteúdo neste gênero. Já as reportagens consumiram o maior tempo de veiculação nos três telejornais.
Noções de que na TV, o noticiário tem de disputar com programas de entretenimento um lugar na programação. A maioria das notícias em TV têm de caber no formato de 20 a 30 segundos, que é o tempo dos comerciais exibidos na televisão.
Julgo como muito proveitosa a leitura do livro “Telejornalismo no Brasil: um perfil editorial”. Com um conteúdo analítico e voltado para quem realmente quer entender a televisão, ou os programas jornalísticos exibidos nela, o livro somou muito para mim.
Noções de como escrever na TV e avaliações dos perfis editoriais também foram de grande valia para a minha pessoa neste livro. Além de alguns comentários e opiniões de alguns “Dinossauros da TV”.Agradeço o professor Rafael que se preocupou com a qualidade da graduação de nós acadêmicos e espero que livros como este de Rezende, de grande qualidade, sejam repassados e encaminhados para nossa posterior leitura neste desenrolar do curso de Jornalismo.
Abraço.
Lucas Maraschim Matias
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