Na cama com seu cronista preferido

Pois bem amigos e amigas.

Um dia após o Natal utilizo este espaço para publicar um trabalho, uma crônica de Juremir Machado da Silva. Tive a oportunidade de conhecer este homem pessoalmente no Set Universitário da PUC em Porto Alegre no mês de setembro, na companhia do mestre Rafael Hoff.

Uma pessoa, confesso a vocês, que pensa como seu ídolo, Diogo Mainardi. Sobre Mainardi, prometo falar mais pra frente aqui neste espaço. Um longo debate chamou a minha atenção para o trabalho de Juremir, colunista diário do Jornal Correio do Povo de Porto Alegre.

A crônica é do dia 13 de dezembro, se não me falha a memória.

Com vocês, "na cama com seu cronista preferido"

"Alguém aí já pensou em ir para a cama com o seu cronista de jornal ou revista preferido? É comum que pessoas queiram ir para a cama com o seu cantor predileto ou com sua atriz adorada. Os cronistas, no entanto, também provocam algumas fantasias. Eu nunca pensei em ir para a cama com o Arnaldo Jabor nem com a Danuza Leão. Muito menos com o Macaco Simão. Nem sequer, como podem imaginar alguns, com o Diogo Mainardi. Mas sei que nem todo mundo rejeitaria uma oportunidade dessas. Devem existir cronistas que não recusariam ir para a cama com algumas das suas leitoras. Ou leitores. Entendo-os perfeitamente, pois são humanos impregnados de desejos, embora eu seja um cronista recatado e fiel. Há, de qualquer modo, diferentes maneiras de ir para a cama com o seu cronista do coração. Outro dia, por exemplo, uma leitora me mandou um e-mail interessante dizendo que, a cada noite, escolhe entre mim, David Coimbra e Diogo Mainardi com quem vai se deitar. Nunca se decepciona. Naquela noite em que me escreveu, a leitora levou Diogo para a cama. Não fez má escolha. Diogo é o mais bonito. David, o mais sedutor. Diogo fascina pelo seu estilo direto, irônico e contundente. David arranca suspiro com sua forma sinuosa, a meio caminho entre a canalhice simpática e o charme do bom menino agora quarentão. Eu não vou ficar aqui fazendo propaganda das minhas qualidades secretas ou nem tanto. Posso dizer apenas que tenho os meus encantos. Creio que a leitora deveria também incluir na sua lista um escritor de romances, que não escreve crônicas, o meu amigo Michel Houellebecq. Ele é o mais feio. Mas tem ironia como Diogo, sedução como David e é sempre muito divertido.Claro que a leitora também poderia optar por ir com os quatro para a cama na mesma noite. Por que não? Em crônica, sejamos francos, não pode haver moralismo nem tabus. Haveria tempo para degustar cada um. Seria certamente uma grande confusão numa suruba literária sem precedentes. Apesar de algumas semelhanças, são estilos diferentes e picantes. Cada um provoca um tipo de sensação. Um faz rir. Outro emociona. Um acaricia. Outro provoca. Um bate forte. Outro tem momentos românticos de sensibilidade à flor da pele. Um parte para o ataque. O outro cai num romantismo a ponto de ouvir Roberto Carlos e recomendá-lo para os leitores. Enfim, há para todos os gostos. É só uma questão de experimentar com calma. Todos levam ao êxtase. Bom, nem sempre, que cronista também falha. Falo isso por ouvir dizer. Não vou aqui me meter em segredos de alcova que desconheço. Eu sempre acho que escrever é uma experiência erótica superior. Dá prazer. Às vezes, é um prazer sofrido, maldito, duramente conquistado e efêmero como certas paixões juvenis. Outras, vem fácil e desaparece com a mesma facilidade. Há, porém, o gozo que perdura, o grande amor, aquilo que marca e fica como uma boa história. A leitora que me enviou a mensagem tem bom gosto. Admito. Sem falsa modéstia. Ela sabe o que quer e não vê razões para esconder os seus desejos. Quer ir para a cama com a gente e vai. Todas as noites, sem pressa nem aborrecimento, imagino, escolhe um texto de um de nós e vai ler na cama muito feliz. Dorme com um de nós nos braços. Bem, nas mãos. Ela tem 80 anos. Fiquei feliz em saber que ela me leva para a cama com freqüência."

Juremir Machado da Silva.

Boa quarta-feira quente a todos

abraços Lucas Maraschim Matias