quinta-feira, 15 de maio de 2008

A mitomania no jornalista e nos outros

Então amigos.
Estou bem corrido na faculdade, o que acaba estourando em algum lado.
Pelo visto estourou aqui no blog. hehehe

Posto hoje um texto bakana que o Boris me mandou.
Tem a ver com o caso da Escola Base em SP.

o título é A mitomania no jornalista e nos outros, de Walter Ceneviva

Boa leitura!

"O mundo do jornalismo (ou o jornalismo do mundo?) se agitou com o caso do jornalista do ‘New York Times’ que inventou reportagens inteiras, criando fatos e fotos inexistentes, até ser desmascarado. Seja reconhecido, porém, que despertou escândalo pela sua raridade e, óbvio, por ser do sacrossanto ‘New York Times’, o jornal cuja respeitabilidade caminha para os 200 anos de existência.
Há e sempre houve jornalistas ‘inventores’. Talvez seja parte da empolgação do domínio dos fatos; não sei. A história aponta órgãos da mídia e empresas que estimularam o estardalhaço, ainda que falso no todo ou em parte, para atingir adversários. A prática, porém, é recusada pelo jornalismo sério, com seus manuais de redação e, no caso da Folha, com seu ombudsman.
O mal não é só de jornalismo e jornalistas. A mitomania é doença presente em todos os segmentos da sociedade. Para ela, são frágeis as armas do Direito quando se expressa em palavras, atos e até em gestos. É o que se constata, entre os exemplos mais evidentes, no mundo das artes -em particular no da literatura e de seus críticos-, no confuso universo da política, no esporte, com mitômanos do doping e cartolas.
Nem universos formais e severos escapam. É o caso das densas teses acadêmicas, apresentadas em respeitadas escolas e, às vezes, aprovadas com aplausos, mas, depois, escrachadas como plágios vergonhosos. Conta-se até de um candidato a professor que, lendo trabalho ‘seu’, em um certo momento começou a ser acompanhado, num jogral farsesco, pelo verdadeiro autor, que se encontrava na assistência, e passou a ler o original, em voz alta.
Fala-se, no mundo acadêmico -talvez o leitor não saiba-, de escolas superiores que são um ninho de muitas cobras, no qual as luvas de seda disfarçam -mas não excluem- os punhais afiadíssimos da crítica ferina pelas costas. Daí haver também acusações falsas de plagiarismo, pelos derrotados ou por seus amigos. Aqui também as barreiras do Direito não funcionam.
O que leva tanta gente à mitomania, à invenção, ao aproveitamento desonesto do trabalho alheio, até chegar ao crime, capitulado nos diplomas legais?
É a glória, o dinheiro, a respeitabilidade a todo custo, que, às vezes, se torna perene. Nesse campo, o abuso é parecido com o adultério: o adúltero se diverte até ser descoberto, quando passa a ser execrado.
Há graus de gravidade, que a lei reconhece ao descambarem para a criminalidade. No jornalismo, a prática é extremamente danosa quando ofende a honra, a vida, a privacidade, a imagem da vítima. Pior, ainda, quando praticada pela ambição de fama, do dinheiro ou por vingança. O jornalista, porém, está cada vez mais sujeito aos limites de sua liberdade. Livre de censura prévia, é submetido a avaliações posteriores que podem levá-lo a desastres penais e/ou econômicos. Por isso tende a ser cada vez mais cuidadoso, buscando a verdade na transposição de fatos em palavras.
O ‘New York Times’ assumiu o erro de sua editoria e aceitou as consequências. As universidades guardam histórias de concursos burlados por concorrentes ou cujos resultados foram distorcidos pelos meandros políticos do ‘establishment’. Preferem, em geral, a discrição. O risco evidente da exposição às penas sociais, civis e criminais nunca impediu a tentação dos minutos de fama, ainda que efêmeros. Parece que a natureza humana jamais eliminará tentações e tentados. Nas universidades e no jornalismo provocam estupefação por um traço comum: são raros. Ainda bem."
Lucas Maraschim Matias

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